quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

TEATRO DO SÉCULO XX


A partir da virada do século, autores como os irlandeses Sean O'Casey ''O arado e as estrelas'' e John Millington Synge ''O playboy do mundo ocidental'' ainda escrevem textos realistas. Mas surgem inúmeras outras tendências.


Expressionismo

Surge na Alemanha, entre a 1ª e a 2ª Guerras Mundiais. Advoga a explosão descontrolada da subjetividade e explora estados psicológicos mórbidos, sugerindo-os através de cenários distorcidos.

Autores expressionistas - ''A caixa de Pandora'', de Frank Wedekind, ''Os burgueses de Calais'', de Georg Kaiser, ''Os destruidores de máquinas'', de Ernst Toller, ''R.U.R''., do tcheco Karel Capek, e ''O dia do julgamento'', do americano ''Elmer Rice'', exibem também preocupação social, mostrando o homem em luta contra a mecanização desumanizadora da sociedade industrial, estudam os conflitos de geração e condenam o militarismo.

Futurismo

Forte durante os anos 20. Na Itália glorifica a violência, a energia e a industrialização. Na antiga URSS propõe a destruição de todos os valores antigos e a utilização do teatro como um meio de agitação e propaganda.

Autores futuristas - Os italianos, liderados por Filippo Tommaso Marinetti ''O monoplano do papa'', evoluem para o fascismo, enquanto os russos, tendo à frente Vladimir Maiakovski ''O percevejo'', ''Mistério bufo'', usam o teatro para difundir o comunismo.

Teatro estilizado - Uma corrente que busca colocar o irreal no palco, abandonando o apego excessivo à psicologia e ao realismo. Meyerhod é o encenador que leva mais longe essas propostas, lançando os fundamentos do que chama de "teatro estilizado".

Vsevolod Emilievich Meyerhold (1874-1940) nasce na Rússia, trabalha inicialmente como ator e começa como diretor teatral em 1905, indicado por Stanislavski. Dirige os teatros da Revolução e Meyerhold, encenando várias peças de Maiakovski. Utiliza o cinema como recurso teatral, em algumas de suas montagens o espectador pode ir ao palco, os atores circulam na platéia. Para Meyerhold o ator deve utilizar seu físico na interpretação, não ficando escravo do texto. Preso pela polícia stalinista após uma conferência teatral, em 1939, morre num campo de trabalhos forçados, provavelmente executado.

Teatro da Crueldade

Na França, nos anos 20, dadaístas e surrealistas contestam os valores estabelecidos. Apontam como seu precursor Alfred Jarry, que, no fim do século XIX, criou as farsas ligadas ao personagem absurdo do Pai Ubu. Antonin Artaud é o principal teórico desse movimento.

Antonin Artaud (1896-1948) nasce em Marselha, França. Ator, poeta e diretor teatral, Artaud formula o conceito de "teatro da crueldade" como aquele que procura liberar as forças inconscientes da platéia. Seu livro teórico, ''O teatro e seu duplo'', exerce enorme influência até os dias atuais. Passa os últimos dez anos de sua vida internado em diversos hospitais psiquiátricos e morre em Paris.

Teatro Épico

Tomando como ponto de partida o trabalho de Piscator, que lutava por um teatro educativo e de propaganda, o alemão Bertolt Brecht propõe um teatro politizado, com o objetivo de modificar a sociedade.

Autores épicos - Os principais seguidores de Brecht são os suíços Friedrich Dürrenmatt ''A visita da velha senhora'' e Max Frisch ''Andorra'', e os alemães Peter Weiss ''Marat/Sade'' e Rolf Hochhuth ''O vigário''. Na Itália, Luigi Pirandello ''Seis personagens à procura de um autor'' antecipa a angústia existencial de Jean-Paul Sartre ''Entre quatro paredes'' e Albert Camus ''Calígula''.

Bertolt Brecht (1898-1956), dramaturgo e poeta alemão. Serve na 1ª Guerra Mundial como enfermeiro, interrompendo para isso seus estudos de medicina. Começa a carreira teatral em Munique, mudando em seguida para Berlim. Durante a 2ª Guerra exila-se na Europa e nos EUA. Acusado de atividade antiamericana durante o macarthismo, volta à Alemanha e funda, em Berlim Oriental, o teatro Berliner Ensemble. Em ''O círculo de giz caucasiano'', ''Galileu Galilei'' ou ''Os fuzis da senhora Carrar'', substitui o realismo psicológico por textos didáticos, comprometidos com uma ideologia de esquerda. Afirmando que, em vez de hipnotizar o espectador, o teatro deve despertá-lo para uma reflexão crítica, utiliza processos de "distanciamento", que rompem a ilusão, lembrando ao público que aquilo é apenas teatro e não a vida real.

Teatro Americano

Na década de 20 adquire pela primeira vez características próprias, marcado pela reflexão social e psicológica, e começa a ser reconhecido em todo o mundo. Seu criador é Eugene O'Neill, influenciado por Pirandello.

Autores americanos - Além de Eugene O'Neill, destacam-se Tennessee Williams, Clifford Oddets ''A vida impressa em dólar'', ''Que retrata a Depressão'' , Thornton Wilder ''Nossa cidade'' e Arthur Miller com textos de crítica social; e Edward Albee que, em ''Quem tem medo de Virginia Woolf?'', fala do relacionamento íntimo entre os indivíduos.

Eugene O'Neill (1888-1953), filho de um ator, nasce em Nova York e passa a infância viajando. Durante a juventude percorre os países do Atlântico durante cinco anos, a maior parte do tempo como marinheiro, experiência que é utilizada na construção de seus personagens marginais. Em ''Estranho interlúdio'', ''O luto cai bem a Electra'' ou ''Longa jornada noite adentro'', confunde os planos da ficção e da realidade e mergulha nos mecanismos psicológicos de seus personagens. Extremamente pessimista, mostra o homem preso de um destino sem sentido - o que também o situa como um precursor do existencialismo.

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