segunda-feira, 4 de julho de 2011

DENIS DIDEROT

......nasceu em Langres, na França, em 5 de outubro de 1713, e morreu em Paris, em 31 de julho de 1784. Educado em colégio de jesuítas, recebe sólida instrução humanística. Em 1732 instala-se em Paris. Vive apenas de traduções. Depois, dedica-se à direção editorial da "Enciclopédia ou Dicionário lógico das ciências, artes e ofícios", obra gigantesca que preparará ideologicamente a  Revolução Francesa.

Encarregado pelo livreiro Lebreton de traduzir para o francês a enciclopédia inglesa "Cyclopaedia", de Ephraim Chambers, Diderot transforma o projeto em obra autônoma, suma das tendências científicas, sociais, econômicas e políticas do Século das Luzes. Em 1750 surge o "Prospecto" da "Enciclopédia", de autoria de Diderot, para incentivar a subscrição popular da obra: mais um manifesto do que um programa editorial.

Compartilhando a direção da "Enciclopédia" com d'Alembert, cujo "Discurso preliminar", no início do primeiro volume, é uma exposição de princípios filosóficos, Diderot vai entregar-se a uma tarefa que o absorverá durante 16 anos.

Diderot tem fé no progresso contínuo, tem a certeza de que a ciência fornece a chave dos enigmas do mundo, de que a religião deve se circunscrever a uma modesta tarefa de regrar o comportamento prático do homem, de que a tecnologia irá construir o futuro econômico das sociedades e de que a política é a arte de eliminar as desigualdades sociais.
 

Ensaios, ficção, crítica e cartas

Fora da "Enciclopédia", Diderot escreve um volume de reflexões filosóficas ("Pensamentos filosóficos"), em que formula objeções racionalistas contra a revelação sobrenatural. Em 1748 aparece seu livro de contos licenciosos: "As jóias indiscretas".

Imediatamente antes da "Enciclopédia", em 1749, Diderot publica o ensaio "Carta sobre os cegos para uso dos que enxergam", tratando sobre a sujeição do homem aos seus cinco sentidos, o relativismo do conhecimento humano e a negação de qualquer fé transcendental. A esse ensaio segue-se imediatamente seu complemento: "Carta sobre os surdos-mudos".

A produção literária de Diderot se desdobra em vários gêneros. Ele escreveu dramas, ensaios, crítica de pintura e romances. Seu "Ensaio sobre a pintura", obra póstuma, é um trabalho de sensibilidade e de finura crítica, que mereceu o elogio de Goethe.

No terreno literário, Diderot produziu três romances ou novelas: "Jacques, o fatalista" - o mais pessoal dos seus escritos de ficção, com suas licenciosidades, sua incoerência narrativa, suas digressões à maneira de Laurence Sterne; "A religiosa" - obra licenciosa e anticlerical, denunciando a vida hipócrita dos conventos; e "O sobrinho de  "Rameau" - sua obra-prima, onde encontramos o melhor do talento de Diderot, um diálogo vivo e espirituoso, uma convincente estruturação de caracteres.

A maior parte da obra de Diderot só foi publicada depois de sua morte, inclusive a correspondência com Sophie Volland (1759-1774), sua última amante, publicada em 1830, um dos melhores epistolários da literatura francesa.
Diderot  foi e ainda é muito contestado por suas idéias e trabalhos. Se lhe 
resta um mérito indiscutível, talvez seja este: foi o primeiro a escrever um 
ensaio relevante sobre o trabalho do ator. O "Paradoxo do Comediante" já um 
tanto superado, ainda resiste como registro e provocação, como obra 
precursora de um debate que viria a ser central em nosso século. A seguir, 
um pequeno trecho do Paradoxo, obra construída em forma de diálogos:

"PRIMEIRO -  Um grande ator não é nem um piano-forte, nem uma harpa, nem um 
cravo, nem um violino, nem um violoncelo, não existe um acorde que lhe seja 
próprio; mas ele toma o acorde e o tom que mais convêm à sua parte. E sabe 
executar todas. Tenho em grande conta o talento de um grande ator: esse 
homem é raro, tão raro e  talvez maior que o poeta.
 Aquele que na sociedade se propõe a tal, e tem o infeliz talento de agradar 
a todos, não é nada, não tem nada que lhe pertença, que o distinga, que 
entusiasme uns e que canse os outros. Ele fala sempre, e sempre bem; é um 
adulador profissional, é um grande cortesão, é um grande ator.
SEGUNDO - Um grande cortesão, acostumado desde que respira ao papel de um 
fantoche maravilhoso, toma toda a espécie de formas, segundo a vontade do 
fio que está entre as mãos do seu senhor.
PRIMEIRO - Um grande ator é outro fantoche maravilhoso cujo fio é seguro 
pelo poeta, e a quem ele indica a cada verso qual a forma verdadeira que 
deve tomar."


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