segunda-feira, 4 de julho de 2011

ZEAMI MOTOKIYO

Zeami é um dos grandes nomes do teatro japonês. Atribui-se a ele a criação 
do gênero Nô. Ao longo de sua vida, escreveu cerca de 200 Nô, dos quais a 
metade ainda hoje é representada. O trecho que vem abaixo faz parte do texto  teórico denominado "O espelho da flor", transmitido oralmente durante 
décadas e publicado apenas em 1665, mais de duzentos anos após a morte do 
 autor e ator:





"Olhando as plantas em flor, perguntamo-nos: porque se simboliza por uma 
flor todas as coisas do mundo? É pela sua existência efêmera que se gosta 
delas, elas só florescem durante uma estação, são raras.
De igual modo, o Nô fala ao coração e suscita o interesse. A flor, o 
interesse e a raridade, eis a maravilha do Nô. 


Florir e murchar são inevitáveis: é o que torna as flores maravilhosas. O 
encanto do Nô, a sua flor, encontra-se na virtude da mudança. O Nô nunca é 
estático, transforma-se sem cessar, como a flor, e é esta mudança que o 
torna tão raro. 


No entanto, é necessário respeitar as suas regras e evitar a extravagância, 
mesmo na demanda da raridade ou da novidade. Após todos os exercícios, no momento de apresentar um Nô, é preciso escolher de acordo com a situação. De entre todas as flores, só é verdadeiramente rara aquela que eclode no seu 
quadro temporal. Do mesmo modo, se aprendestes bem as numerosas técnicas das artes, escolhereis adaptando-vos à época e ao público; será como uma flor na sua estação. 


As flores de hoje são semelhantes às do ano passado. Assim, o Nô, mesmo 
tendo já sido visto antes, ou inscrevendo-se num repertório importante, 
retornará, após a passagem do tempo, igualmente raro."



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