segunda-feira, 4 de julho de 2011

MARTINS PENA

..... (Luís Carlos M. P.), teatrólogo, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 5 de novembro de 1815, e faleceu em Lisboa, Portugal, em 7 de dezembro de 1848. É o patrono da Cadeira nº 29, por escolha do fundador Artur Azevedo.


Era filho de João Martins Pena e Francisca de Paula Julieta Pena. Órfão de pai com um ano de idade e de mãe aos dez, foi destinado pelos tutores à vida comercial. Completou o curso do comércio em 1835. Cedendo à vocação, passou a freqüentar a Academia de Belas Artes, onde estudou arquitetura, estatuária, desenho e música; simultaneamente estudava línguas, história, literatura e teatro. Em 1838, entrou para o Ministério dos Negócios Estrangeiros, onde exerceu cargos, até chegar ao posto de adido à Legação do Brasil em Londres. Doente de tuberculose, e fugindo ao frio de Londres, veio a falecer em Lisboa, em trânsito para o Brasil.


De 1846 a 1847, fez crítica teatral como folhetinista do Jornal do Commercio. Seus textos foram reunidos em Folhetins. A semana lírica. Mas foi como teatrólogo a sua maior contribuição à literatura brasileira, em cuja história figura como o fundador da comédia de costumes. Desde O juiz de paz da roça, comédia em um ato, representada pela primeira vez, em 4 de outubro de 1838, no Teatro de São Pedro, até A barriga de meu tio, comédia burlesca em três atos, representada no mesmo teatro em 17 de dezembro de 1846, escreveu aproximadamente 30 peças, quase tantas obras quantos anos de idade, pois o autor tinha apenas 33 anos quando faleceu. 


O caráter geral de todas as suas peças é o da comédia de costumes. Dotado de singular veia cômica, escreveu comédias e farsas que encontraram, na metade do século XIX, um ambiente receptivo que favoreceu a sua popularidade. Envolvem sobretudo a gente da roça e do povo comum das cidades. Sua galeria de tipos, constituindo um retrato realista do Brasil na época, compreende: funcionários, meirinhos, juízes, malandros, matutos, estrangeiros, falsos cultos, profissionais da intriga social, em torno de casos de família, casamentos, heranças, dotes, dívidas, festas da roça e das cidades. Foi, assim, Martins Pena, quem imprimiu ao teatro brasileiro o cunho nacional, apontando os rumos e a tradição a serem explorados pelos teatrólogos que se seguiriam. A sua arte cênica ainda hoje é representada com êxito.


Algumas obras: O juiz de paz da roça, comédia em 1 ato (repr. 1838); A família e a festa na roça, comédia em 1 ato (repr. 1840); O Judas em sábado de aleluia, comédia em 1 ato (repr. 1844); O namorador ou A noite de São João, comédia em 1 ato (1845); O noviço, comédia em 3 atos (1845); O caixeiro da taverna, comédia em 1 ato (1845); Quem casa quer casa, provérbio em 1 ato (1845); e diversas outras comédias e dramas. Foram reunidas no volume Comédias, editado pela Garnier (1898) e em Teatro de Martins Pena, 2 vols., editado pelo Instituto Nacional do Livro (1965). O volume Folhetins. A semana lírica (1965, ed. MEC/INL), abrange a colaboração do autor no Jornal do Commercio, de agosto de 1846 a outubro de 1847.




"Assim como há portugueses que esperam por D. Sebastião,
ingleses por Artur, crentes pelo Messias, renegados pelo Anti-Cristo,
nós também esperamos pelo reformulador do nosso teatro. São crenças, e
com elas morreremos, legando-as a nossos filhos."

(Martins Pena)



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